quinta-feira, 18 de junho de 2015

Dizer adeus.
É difícil dizer adeus.       Apegamo-nos às coisas, aos sentimentos, aos sentidos, às pessoas, aos hábitos e condicionamentos, às relações e às emoções que todas essas coisas despertam em nós.

Consigo entender melhor, hoje, aqueles que ao invés de dizerem adeus simplesmente dizem “Vou comprar um cigarro” e nunca mais voltam.   Ir “comprar um cigarro” é como se ao invés de atravessar um rio – com suas dificuldades e conquistas, a pessoa simplesmente o conseguisse saltar, sem que ninguém o visse.  Ou como se houvesse uma pílula mágica que suprimisse a angustia de dizer Adeus. O resultado seria o mesmo, o término da relação, mas sem a coragem e, depois a liberdade, de dizer Adeus àquela relação que não lhe servia mais.

Não é fácil abrir o guarda-roupa e dizer adeus às roupas e utensílios que não servem mais, admitir as que foram compradas erradas e se perdoar, admitir que algumas peças já não tem sentido e se libertar.  Não é fácil dizer Adeus à um trabalho que trouxe frutos, sabedoria, conquistas e reconhecimento, mas que hoje já não toca mais o coração.   Dizer Adeus a hábitos, a condicionamentos e atitudes.   Dizer Adeus a pessoas.

Adeus, etimologicamente, é o mesmo que “A Deus”, que é o encurtamento de “A Deus vos recomendo”[1].  Ou seja para dizer Adeus, temos que entregar.  E para entregar temos que aceitar que não temos mais o controle, o domínio, o acesso livre e imediato sobre àquilo que estamos entregando. Que, talvez, perdemos. E como fazer isso em um mundo aonde desde pequeno aprendemos a conquistar e sermos valorizados por isso?

Compreender que o Adeus, automaticamente, gera um novo espaço, uma evolução no caminho da vida, é andar por um caminho desconhecido, misterioso, pelo menos para nós ocidentais. Talvez, ai, more o medo e a ansiedade de dizer Adeus.



[1] Fonte- Site Consultório Etimológico

Nenhum comentário:

Postar um comentário